Muitas vezes os cientistas sociais fazem pesquisa pensando que é neutra e que apresenta factos, factos esses que depois, crê-se, pode acontecer serem “abusados” pelos media. Muitas vezes os media pegam em dados de pesquisas e apresentam-nos fragmentados, ainda que com a boa intenção de denunciar alguma iniquidade. Mas uns e outros fazem muitas vezes estas coisas com base numa ilusão: a de que os assuntos de que falam não assentam à partida em desigualdades de poder fortíssimas e mesmo estruturais. Por exemplo: há espaço de manobra para abordar neutralmente o número de pessoas que se assumem como gays ou lésbicas? Ou as atitudes e valores sobre homossexualidade? Duvido. Estamos a falar de uma minoria dificilmente apreensível em amostras pequenas e estamos a falar de uma minoria simbólica e social que vive num sistema que tem como uma das suas bases a sua diabolização, criando vergonha social, silêncio, invisibilidade e mentira.
Seja como for: e se reenquadrássemos a interpretação do inquérito referido no post abaixo? Isto é, e se começássemos por constatar que 87,7% da pessoas se autoidentificam como heterossexuais? E se perguntássemos aos inquiridos se acham a heterossexualidade uma orientação tão legítima como as outras? Do ponto de vista científico não estaríamos, em rigor, a cometer nenhum erro. Do ponto de vista da nossa responsabilidade para com uma democracia que não deve ser ditadura da maioria (mas cujo valor se mede, justamente, pelo respeito pelas e integração das minorias) não estaríamos a criar valor acrescentado? em: http://blog.miguelvaledealmeida.net/?p=292#comments
Seja como for: e se reenquadrássemos a interpretação do inquérito referido no post abaixo? Isto é, e se começássemos por constatar que 87,7% da pessoas se autoidentificam como heterossexuais? E se perguntássemos aos inquiridos se acham a heterossexualidade uma orientação tão legítima como as outras? Do ponto de vista científico não estaríamos, em rigor, a cometer nenhum erro. Do ponto de vista da nossa responsabilidade para com uma democracia que não deve ser ditadura da maioria (mas cujo valor se mede, justamente, pelo respeito pelas e integração das minorias) não estaríamos a criar valor acrescentado? em: http://blog.miguelvaledealmeida.net/?p=292#comments