quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O que é a SIDA?



A SIDA é provocada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que penetra no organismo por contacto com uma pessoa infectada. A transmissão pode acontecer de três formas: relações sexuais; contacto com sangue infectado; de mãe para filho, durante a gravidez ou o parto e pela amamentação.
O VIH é um vírus bastante poderoso que, ao entrar no organismo, dirige-se ao sistema sanguíneo, onde começa de imediato a replicar-se, atacando o sistema imunológico, destruindo as células defensoras do organismo e deixando a pessoa infectada (seropositiva), mais debilitada e sensível a outras doenças, as chamadas infecções oportunistas que são provocadas por micróbios e que não afectam as pessoas cujo sistema imunológico funciona convenientemente. Também podem surgir alguns tipos de tumores (cancros).

Entre essas doenças, encontram-se a tuberculose; a pneumonia por Pneumocystis carinii; a candidose, que pode causar infecções na garganta e na vagina; o citomegalovirus um vírus que afecta os olhos e os intestinos; a toxoplasmose que pode causar lesões graves no cérebro; a criptosporidiose, uma doença intestinal; o sarcoma de Kaposi, uma forma de cancro que provoca o aparecimento de pequenos tumores na pele em várias zonas do corpo e pode, também, afectar o sistema gastrointestinal e os pulmões.

A SIDA provoca ainda perturbações como perda de peso, tumores no cérebro e outros problemas de saúde que, sem tratamento, podem levar à morte. Esta síndrome manifesta-se e evolui de modo diferente de pessoa para pessoa.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Orgulho Hetero!?

Nós, lésbicas, gays, bisexuais, transgéneros (LGBT) e outr@s rebeldes sexuais, temos orgulho de enfrentar as consequências de não escondermos a nossa identidade sexual ou de género. Temos orgulho de termos sobrevivido à nossa orientação sexual ou identidade de género fora da norma numa sociedade que nos condena ao silêncio e à vergonha (muit@s não sobreviveram). Nas nossas marchas, celebramos o orgulho de quem recusa a carga moral de culpabilidade que nos é imposta, quando seria tão fácil continuarmos a esconder os nossos desejos e apenas fingirmos “ser normais”.
Não estamos orgulhosos da nossa orientação sexual, deixamos isso – e quaisquer definições de “normalidade” – para heterossexuais homofóbicos. Temos orgulho, sim, de escolhermos vivê-la, mesmo quando isso faz de nós alvos de discriminação e violência. Temos orgulho por oposição à vergonha. Temos orgulho nas lutas de longo prazo que tant@s travaram e travam contra a criminalização ou medicalização das nossas identidades e pela construção árdua dos nossos movimentos sociais.
Temos orgulho na força, no esforço, nos sacrifícios que tantas pessoas LGBT assumiram ao longo da História para sair do armário e exigir dignidade. Temos orgulho na imensa variedade das nossas expressões e formas de expressão. O orgulho LGBT é necessário como o “black is beautiful” foi necessário nos anos 60 norte-americanos: como então, muit@s de nós continuamos a sentir culpa, vergonha e auto-depreciação por aquilo que somos. Sem orgulho, as novas gerações LGBT em tantos países estariam condenadas à mesma existência clandestina que os seus predecessores combateram. No processo da sua auto-descoberta, muitas gerações têm tido, pela primeira vez, a possibilidade de crescerem como LGBT com referências positivas do que isso significa, e com menos referências negativas.
Nenhum outro motivo senão Orgulho motivou a histórica revolta de Stonewall - na origem do actual movimento lgbt -, quando o desejo de dignidade se traduziu em resistência à violência policial. Quando a nossa vida pessoal condiciona os nossos direitos cívicos, deixa de ser “privada” e torna-se “política”. E precisamos de ser visíveis hoje para que amanhã não tenhamos necessidade disso, quando as pessoas deixarem de ser definidas com base na sua identidade sexual ou de género.
“Dar a cara” continua, infelizmente, a ter consequências negativas. Mas é mesmo por isso que é preciso que cada vez mais gente saia do armário ou, pelo menos, se envolva com o associativismo LGBT: para inverter essa situação injusta. Para que um dia “dar a cara” seja tão natural como lavar os dentes e seja tão banal que não acarrete discriminação.
A homofobia é um sistema político na sociedade que temos.Orgulho e activismo, armas contra a violência homofóbica e transfóbica e a sua promoção!ORGULHO É PROTESTO!
mais informações em: http://panterasrosa.blogspot.com/

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Festival de Cinema Gay em Badajoz



Devido à proximidade geografica da Estremadura espanhola em relação ao Alentejo, e como este ano o Queer - Festival de Cinema Gay e Lesbico de Lisboa, já teve lugar em Setembro, aconselhamos a visita a Badajoz e ao FanCineGay, que começou na 6ª feira e se prolonga ao longo desta semana.





Ao longo da semana serão apresentadas 3 projecções diárias, a saber:





Dia 19, Filmoteca de Extremadura, Centro de Ocio Contemporaneo (COC), na Av. Principal do Bairro de San Roque


20h - Hedwig and the Angry Inch, de John Cameron Mitchell, USA, VOS


22.30h Zero degrees of Separation, de Elle Flanders, Canada, VOS



Dia 20, Filmoteca de Extremadura, COC


20h El tiempo que queda, de François Ozon, Francia, VOS


22.30h Los Testigos, de André Techiné, Francia, VOS



Dia 21, Filmoteca de Extremadura, COC


20h Wild tigers I have known, de Cam Archer, UK, VOS


22.15h La buena voz, de Antonio Cuadri, España, VE


22.30h Fremde haut, de Angelina Maccarone, Alemania y Austria, VOS



Dia 22, Filmoteca de Extremadura, COC


20h Boy Culture, de Q. Allan Broka, USA, VOS


22.15h La ventana de enfrente, de Ferzan Ozpetek, Italia, VOS


22.30h Barcelona, un mapa, de Ventura Pons, España, VE

00.30h, La Fiesta del Arrabal, Badajoz

Dia 23, Filmoteca de Extremadura, COC


20h Another Gay Movie, de Todd Stephens, USA, VOS


20.15h Clandestinos, de Antonio Hens, España, VE


22.15h Shortbus, de John Cameron Mitchell, USA, VOS


22.30h No basta una vida, de Ferzan Ozpetek, Italia, VOS

00.30h La Noche más Golfa, la noche más Queer





Dia 24, Teatro Lopez de Ayala


21.30h, Gala FanCineGay, Com entrega dos prémios FanCineGay, Ley del Deseo, Ocaña e Somos Iguales. Apresentada por Jimmy Roca e com a actuação do seu ballet e Gene García & the Moochers. Seguida de festa do 10º aniversario no COC.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Novela "Duas Caras" da Globo/SIC com personagem gay



Mais uma vez são as novelas da Globo que trazem até aos ecrãs da televisão portuguesa a temática GLBT (Gay, Lesbica, Bissexual e Transgenero). No Brasil criou-se mais uma vez o alvoroço no sentido de explicar, analisar, interpretar, criticar e aceitar a questão da homossexualidade no meio social.




Agora é a vez de Bernardinho personagem de 'Duas Caras', interpretado pelo actor Thiago Mendonça que evita falar com seus pais sobre a sua homossexualidade, talvez pela dificuldade que a família tem de entender a opção sexual dos filhos, ou até mesmo pelos parâmetros moralistas que impedem os seres humanos de esperarem que seu filho seja gay.
É um momento de ruptura, com certeza. Pois o sonho vivido pelos pais de terem um filho “homem” que jogará futebol com o pai, que irá coçar os tomates e assobiar quando uma menina passar, ou aquela velha opinião formada sobre que as meninas têm que gostar de bonecas e brincar às casinha, vai por água abaixo. Há uma situação dialógica no sentido de que os pais ficam em dois âmbitos: o de agirem como seres convencionais e machistas, ou como pais que realmente se preocupam com os filhos e com esse momento vivido por eles. É preciso sim, abrir um canal de discussão em torno disso, até mesmo pela família ser a base estrutural da vida de qualquer ser humano. Reinventar-se e reestruturar-se são as palavras chaves. Aceitar um filho ou uma filha com orientação sexual gay, não é realmente fácil para o pai que sempre esperou por um filho nos padrões ditos normais. No entanto, é necessário viver esse momento com sabedoria e respeitar a individualidade de cada um. Ter a oportunidade de dialogar é importantíssimo nessa situação, para ambos. Assumires-te como tu és, é imprescindível, pois só assim terás libertação.




Não há nada melhor no mundo do que SERES quem realmente ÉS, perante qualquer indivíduo, pois esse acto sublime significa ter a oportunidade de VIVER E NÃO TER A VERGONHA DE SER FELIZ.



Por Alexandro Soares

domingo, 11 de novembro de 2007

Bandeira Gay





Com quase 30 anos a bandeira gay (ou Rainbow Flag) foi criada por Gilbert Baker que recentemente a recrioucom um novo design para o símbolo mundial do activismo. Agora ela volta a ter oito cores.


O designer apresentou a primeira bandeira - que logo se tornou símbolo do movimento gay - em 1978 na Parada de São Francisco. Na verdade, o projeto da bandeira original, já tinha 8 cores, mas na hora de a fabricar, o rosa, foi abandonado, por ser uma cor cara para impressão. No ano seguinte, o índigo foi retirado para que a bandeira tivesse número de cores par e assim pudesse ser dividida durante a parada.



A bandeira de 6 cores tomou o mundo e hoje serve de sinal em bares e casas nocturnas que aceitam gays e lésbicas sem restrições. Também é um item indispensável em qualquer manifestação pró direitos humanos GLBT.




Cada cor tem um significado: o vermelho é a vida, o laranja o poder, amarelo é a luz, o verde a natureza, o azul a arte e o violeta o espírito. Na nova versão, a primeira cor - antes do vermelho - será o rosa significando a sexualidade e por último - depois do violeta - o índigo que significa harmonia.



Os gays ‘bears’, por exemplo, usam o preto, o cinza e o laranja, enquanto os "leather" usam uma bandeira associada ao movimento BDSM, criada por Henry Laster em 1989 aquando da eleição do Mr. Leather Internacional. Está composta por 9 linhas horizontais de igual dimensão. De cima para baixo alternam faixas pretas com azul escuro, sendo a do meio branca. No quadrante superior esquerdo encontra-se um grande coração vermelho.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Prémio Arco-Íris 2007


No âmbito das comemorações do 10º Aniversário do Centro LGBT – Lésbico, Gay, Bissexual e Transgénero, a Associação ILGA Portugal vai uma vez mais atribuir o Prémio Arco-Íris como forma de reconhecimento e incentivo a pessoas e/ou instituições que com o seu trabalho contribuiram de forma significativa para a luta contra a homofobia ao longo do ano anterior.

No ano de 2007, a Associação ILGA Portugal decidiu atribuir o Prémio Arco-Íris a- Elza Pais- Francisco Pinto Balsemão- ‘A Outra Margem’ – Luís Filipe Rocha- Pedro Abrunhosa- ‘As Tardes da Júlia’ em reconhecimento pelos seus contributos para uma democracia mais aberta, inclusiva e verdadeira, baseada na valorização da diversidade e na igualdade de direitos.
Estão confirmadas as presenças ou representações de tod@s @s premiad@s.
Está desde já convidad@ a assistir à cerimónia de entrega pública do Prémio Arco-Íris que se realiza no dia• 10 de Novembro (Sábado), às 18h, no• Centro LGBT R.S. Lázaro, 88 (ao Martim Moniz).

Na sequência da cerimónia, será servido um porto-de-honra comemorativo.Por volta das 23h, num tom totalmente diferente, poderá comemorar connosco os 10 anos do Centro Comunitário, ao som da música escolhida pelo DJ Irmão Lúcia. Apareça!
Instituído em 2003, o Prémio Arco-Íris foi nesse ano atribuído a Ana Marques e Gabriela Moita.No ano seguinte, foram galardoados Ana Sá Lopes, Augusto M. Seabra, Eduardo Prado Coelho e foi também criado o Prémio Arco-Íris Instituição, atribuído à Assembleia da República. Em 2005, foram premiados Fernanda Câncio, Júlio Machado Vaz, Rui Vilhena pela telenovela "Ninguém como tu", The Gift e a W/Portugal (Instituição). No ano de 2006, o Prémio Arco-Íris foi atribuído a ‘Aqui não há quem viva’, Teresa Guilherme Produções; à peça ‘Laramie’, Teatro Municipal Maria Matos (Diogo Infante, Direcção Artística); a Luís Grave Rodrigues, Helena Paixão e Teresa Pires pela primeira tentativa de casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal; a São José Almeida; e à Unidade de Missão para a Reforma Penal (Instituição).

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Patrão da SIC recebe prémio Arco-Íris

Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa (que detém a SIC), foi distinguido com o prémio Arco-Íris da Ilga Portugal, associação de gays e lésbicas. A distinção é atribuída pelos “contributos para uma democracia mais aberta, inclusiva e verdadeira, baseada na valorização da diversidade e na igualdade de direitos”, refere uma nota da associação a que o CM teve acesso.

A nomeação de Pinto Balsemão, de 70 anos, surgiu na sequência de o patrão da SIC ter autorizado um pedido de gozo de férias para uma enlace gay protagonizado por um pivô da casa, Nuno Graça Dias.

No passado mês de Março, Balsemão autorizou o gozo dos 11 dias úteis de licença de casamento ao referido jornalista – tal como o CM noticiou em primeira mão – apesar de tal não ser reconhecido na lei portuguesa, por se tratar de uma união entre pessoas do mesmo sexo. O pivô casou em Toronto (Canadá) e gozou 15 dias de férias (11 dias úteis) sem cortes do salário.

Por esse motivo, a Ilga Portugal reconheceu ao empresário a “honra” de integrar a lista de premiados. Em anos anteriores, a associação distinguiu com o prémio Arco-Íris personalidades de vários sectores da sociedade portuguesa, nomeadamente a apresentadora Ana Marques, as jornalistas Ana Sá Lopes e Fernanda Câncio, o crítico e sociólogo Augusto M. Seabra, o professor Eduardo Prado Coelho (falecido em Agosto de 2007), o sexólogo Júlio Machado Vaz, o argumentista Rui Vilhena (pela novela ‘Ninguém como Tu) e a banda The Gift, entre outros.

A cerimónia de entrega dos prémios está marcada para sábado, dia 10 de Novembro, às 18h00, no Centro Comunitário Gay e Lésbico de Lisboa.

O CM tentou contactar Francisco Pinto Balsemão, mas o presidente da Impresa encontra-se no estrangeiro, devendo regressar ao País na próxima quinta-feira.


Por Isabel Faria/Correio da Manhã

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Engatar na net

Para os gays e lésbicas a internet foi um meio que lhes possibilitou contactar com outros. A possibilidade de falar com outro desde o anonimato e ter vários perfis a quem se dirigir transformou-se num dos maiores métodos de engatar.

Até há uns anos atrás, o engate resumia-se a sítios de cruising e bares gays nas grandes cidades (Lisboa e Porto). A net possibilitou encontrar pessoas com as quais sentes afinidades, estás cómodo, compartes algo (além do facto da tua homossexualidade) e com a possibilidade de seleccionar regiões e cidades. Para os mais fervorosos utilizadores da net, o facto de se poder conversar anonimamente e sem tabus, faz com que a relação seja mais sincera e directa já que, ambos procuram o mesmo. Os detractores, por seu lado, baseiam-se no facto de grande parte dos utilizadores da net mentirem sistematicamente.

Todos conhecemos histórias de um amigo que marcou encontrar-se com outro que, afinal, não era louro nem tinha os olhos azuis, nem 19 anos, mas existem histórias de amigos que se conheceram há 4 ou 5 anos e que continuam como namorados, ainda que um seja de Castro Verde e outro de Leiria.

Os chats evoluíram, já não servem só para teclar e passar o tempo, senão que possibilitam colocar os parâmetros de procura para encontrarem o que precisam ou desejam. São os portais que foram aparecendo, nos quais crias um perfil com informação mais detalhada sobre quem procuras, com fotografia e uma infindável relação de dados com os quais poderás perder horas a preencher.

Há quem diga que esta “oferta virtual” é apenas um boneco que nos inventamos de nós próprios. São muito frequentes os perfis sem foto que procuram discrição, talvez porque a maioria uma relação heterossexual e o fazem para matar a sua própria curiosidade. Também abundam os perfis dos tímidos que não colocam foto, nem características, aguardando que a sorte lhes bata à porta. O grupo dos casados é enorme e cada vez mais procurado.

As mentiras suaves são as mais habituais: O adolescente diz-se mais velho, e o mais velho diz-se mais jovem; o alto diz-se mais baixo e o baixo mais alto; o castanho claro dos olhos transforma-se em verde para alguns, para não falar da não correspondência que existe, muitas vezes, entre as fotos com a realidade.

Os rapazes novos, menores, aproximam-se cada vez mais a estes serviços de contactos. Na maioria dos casos dizem ter 18 anos mas muitas vezes caem nas mãos de velhos especialistas nos chats que descobrem a sua idade verdadeira e aproveitam-se da sua inexperiência para leva-los para o seu terreno.

A decepção é uma coisa frequente no primeiro encontro para aqueles que combinam conhecer-se. Nesse primeiro encontro a história pode ficar-se pela decepção, ou a pessoa “decepcionada” pode esquecer toda a ideia prévia que se tinha feito do outro e começar do princípio e de novo a conhece-lo tal qual ele é. O olhar, o tom de voz, a forma de movimentar as mãos, mexer no cabelo e outros elementos da linguagem não verbal são coisas que ainda hoje a máquina não consegue transmitir à distância.

Parece que a maneira de encontrar namorado e até de relacionar-nos com os outros evoluciona até esse contacto cibernético. Podemos até intuir se uma pessoa é mais ou menos carinhosa dependendo de quantas carinhas amarelas sorridentes nos coloca no Messenger, se é nervoso ao confundir letras do teclado quando nos escreve, se não lhe interessamos ao tardar em responder-nos, se é egocêntrico só tendo como foto a sua cara ou se até é convencido quando a muda constantemente. Sabemos a importância que para ele tem a família e os amigos pela forma como a eles se refere. Podemos saber se mente se as suas respostas coincidem com o passar do tempo, a sua impaciência se pergunta a toda a hora: “tas? Cais-te”, as suas intenções vendo as suas perguntas.

Os defensores do chat e dos contactos através da internet dizem que é a comunidade mais transparente e sincera que existe. A única forma de podermos conhecer uma pessoa na sua essência sem condicionalismos externos, sem fixar-nos no aspecto físico em primeiro lugar. Permite, segundo dizem, confiar numa pessoa com a segurança que dá o facto de não te ver, de poder dizer-lhe o que queres e deixar sair os teus sentimentos sem a preocupação do olhar ou do que possa estar a pensar. É uma saída que tens a qualquer hora do dia, para uma sala cheia de gente com vontade de conhecer-te e de falar contigo, e nem sequer te tens de preocupar em ficar bem perante eles, podes sair dessa sala quando quiseres, sem sequer dizer adeus. Podes comportar-te seguindo apenas a tua consciência, porque no caso de não seres correspondido, virá outro no seu lugar. A impessoalidade faz com que ninguém seja insubstituível pelo que ninguém terá saudades tuas.

O resultado é um paradoxo, pois a procura do não estar sozinho, partilhar algo com os outros... transforma-se, por vezes, em algo difícil de encontrar e que pode levar-nos à clausura dos nossos quartos, deixando de estar com uns primos por pensar que os do chat nos vão entender melhor, e no final encontremos aborrecimento e, mais estranho, solidão.

Javier Fernandéz
Tradução GayAlentejo