O jovem da Oficina de S. José que, com a alegada colaboração de mais 13 adolescentes, terá sido responsável por agressões violentas à transexual Gisberta em 2006 começou ontem a ser julgado no Tribunal de S. João Novo, no Porto, mas não quis prestar declarações. Vítor Santos, agora com 18 anos, é acusado de três crimes de ofensa à integridade física qualificada e de um crime de omissão de auxílio.
Todos os antigos colegas testemunharam no julgamento a favor de Vítor. Confirmam o facto do rapaz ter estado no local onde a transexual vivia mas que nunca agrediu Gisberta. "Às vezes até separava, dizia para não baterem mais", garantiu um dos menores. A advogada de defesa do arguido diz que "não há qualquer concertação prévia para estes depoimentos" e acredita que os jovens foram a tribunal "dizer a verdade". Já quanto ao crime de negação de auxílio à vítima "mostra-se mais complicado" refutar a acusação. Vítor Santos viu Gisberta ser agredida, em agonia e nada fez para que o desfecho não tenha sido a morte.
Os factos remontam a Fevereiro de 2006.
Os 14 jovens, a maior parte internos da Oficina de S. José, tinham por hábito, depois de terminadas as aulas numa escola secundária da zona da Avenida Fernão Magalhães, parar e entrar num prédio inacabado do Campo 24 de Agosto onde, numa cave, Gisberta Salce Júnior, de 46 anos, transexual natural de Casa Verde, em S. Paulo, no Brasil, mas que com a saúde debilitada, ali vivia como sem abrigo. As visitas começaram por curiosidade. "Diziam que havia lá um travesti e eu nunca tinha visto um", contou ontem Rodolfo, agora com 16 anos, ao juiz. De uma das vezes Flávio atirou uma pedra à cabeça de Gisberta que caiu. Ao levantar-se, David rasteirou-a e atirou-a de novo ao chão. Noutra ocasião, também David pegou num barrote de madeira e deixou-o cair sobre a transexual.
Vítor esteve presente em todas estas situações mas, segundo os amigos, manteve-se afastado, "pedindo para pararem de bater". Tanto o juiz presidente do colectivo, João Grilo, como a procuradora do Ministério Público, acharam estranho a "memória selectiva" das testemunhas. De pormenores importantes não se lembravam mas respondiam de "rajada" para ilibar o arguido.
Os ferimentos causados pelas agressões não foram a causa directa da morte. Isso mesmo foi explicado pelo médico legista Agostinho Santos que autopsiou o corpo de Gisberta. "Todos os dados que dispomos apontam para que a vítima tenha morrido por afogamento", afirmou ontem ao tribunal. Foi o culminar das visitas dos 14 rapazes que lançaram a transexual para um poço do edifício. Vítor Santos não estava nesse dia no local daí não responder por ofensa à integridade física, agravada pelo resultado, e ocultação de cadáver.
@ Diário de Notícias
Todos os antigos colegas testemunharam no julgamento a favor de Vítor. Confirmam o facto do rapaz ter estado no local onde a transexual vivia mas que nunca agrediu Gisberta. "Às vezes até separava, dizia para não baterem mais", garantiu um dos menores. A advogada de defesa do arguido diz que "não há qualquer concertação prévia para estes depoimentos" e acredita que os jovens foram a tribunal "dizer a verdade". Já quanto ao crime de negação de auxílio à vítima "mostra-se mais complicado" refutar a acusação. Vítor Santos viu Gisberta ser agredida, em agonia e nada fez para que o desfecho não tenha sido a morte.
Os factos remontam a Fevereiro de 2006.
Os 14 jovens, a maior parte internos da Oficina de S. José, tinham por hábito, depois de terminadas as aulas numa escola secundária da zona da Avenida Fernão Magalhães, parar e entrar num prédio inacabado do Campo 24 de Agosto onde, numa cave, Gisberta Salce Júnior, de 46 anos, transexual natural de Casa Verde, em S. Paulo, no Brasil, mas que com a saúde debilitada, ali vivia como sem abrigo. As visitas começaram por curiosidade. "Diziam que havia lá um travesti e eu nunca tinha visto um", contou ontem Rodolfo, agora com 16 anos, ao juiz. De uma das vezes Flávio atirou uma pedra à cabeça de Gisberta que caiu. Ao levantar-se, David rasteirou-a e atirou-a de novo ao chão. Noutra ocasião, também David pegou num barrote de madeira e deixou-o cair sobre a transexual.
Vítor esteve presente em todas estas situações mas, segundo os amigos, manteve-se afastado, "pedindo para pararem de bater". Tanto o juiz presidente do colectivo, João Grilo, como a procuradora do Ministério Público, acharam estranho a "memória selectiva" das testemunhas. De pormenores importantes não se lembravam mas respondiam de "rajada" para ilibar o arguido.
Os ferimentos causados pelas agressões não foram a causa directa da morte. Isso mesmo foi explicado pelo médico legista Agostinho Santos que autopsiou o corpo de Gisberta. "Todos os dados que dispomos apontam para que a vítima tenha morrido por afogamento", afirmou ontem ao tribunal. Foi o culminar das visitas dos 14 rapazes que lançaram a transexual para um poço do edifício. Vítor Santos não estava nesse dia no local daí não responder por ofensa à integridade física, agravada pelo resultado, e ocultação de cadáver.
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