segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Casal de lésbicas recorre ao Tribunal Constitucional

Sob o argumento de que a Constituição não permite discriminações em função do sexo, as duas primeiras mulheres que tentaram casar em Portugal e viram esta pretensão recusada entregam hoje o recurso no Tribunal Constitucional (TC)

Segundo o advogado de Teresa Pires e Helena Paixão, as alegações fundamentam-se na Constituição da República Portuguesa que proíbe qualquer tipo de discriminação, nomeadamente com base na orientação sexual.Logo após a decisão da Conservatória do Registo Civil de Lisboa que se recusou a celebrar o casamento de Teresa e Helena, as duas mulheres recorreram em primeira instância para o Tribunal Cível de Lisboa e, depois, para o Tribunal da Relação e para o Supremo Tribunal de Justiça. Todos eles rejeitaram esta pretensão. "Dado ser um caso que diz respeito a pessoas, os recursos podem ir subindo. A maioria termina no Supremo Tribunal de Justiça, pois para subir ao Tribunal Constitucional é preciso convencer os juízes de que há fundamento constitucional", o que aconteceu neste caso, explicou. Este processo deu assim entrada no TC, o que para o advogado constitui já uma "primeira vitória". As alegações do recurso a ser entregue hoje pelas 14:30 no tribunal vão acompanhadas por oito pareceres favoráveis ao casamento das duas mulheres, concedidos de forma voluntária e gratuita por professores universitários de diversas áreas científicas. Teresa e Helena, que vivem juntas há cinco anos com a filha desta última, notam que existe menos discriminação na rua quando andam de mão dada ou se comportam como um casal heterossexual, mas continuam a não poder ter determinados bens da mesma forma que outros casais, por exemplo, uma casa ou uma conta conjunta.
Lusa/SOL